segunda-feira, 19 de maio de 2014

CHAVES E AS PERSONALIDADES

Segundo a teoria psicanalítica clássica, cada personalidade de um sonho somos nós mesmos, pois é  a personalidade se entende a partir da leitura individual de cada sujeito. Ou seja cada vez que sonhas com alguém é como enxergas o individuo e não como ele é. Aplicando isso a um escritor, cada personagem que ele cria são suas características individuais que formam cada personagem. Se ele escreve um personagem malvado, ele manisfesta nestes personagens suas características pessoais de maldade, se eles escreve um mocinho ele escreve suas características pessoais de como ser mocinho. Não ficou claro ainda? 
Vamos entender melhor, quando o escritor escreve um personagem malvado, ele cria em sua mente as características do personagem e como ele será. Assim sendo ele manifesta neste personagem todos os seus desejos de maldade.

Vamos aplicar isso aos personagens do Chaves.

Chaves, menino órfão de 8 anos que vive numa vila. Na situação o mesmo não tem moradia, se esconde dentro de um barril, mas seu local de morada mesmo nunca vemos. Suas características: roupas limpas, mas surradas, vive com fome, maior desejo comer um sanduíche de presunto, sempre inventando algo para ganhar uns trocados, inocente, cria seus próprios brinquedos é feliz com o pouco que tem e sonha em ficar rico para ajudar todas as crianças do mundo, também é valente, se mete onde não é chamado e apanha do senhor Madruga sem assim deixar de gostar do mesmo pois entende que como este ele também foi uma vítima, muitas vezes das estrepolias dele com o Kiko.


Kiko, menino órfão de pai, 9 anos, mora na mesma Vila, situação de melhor qualidade que o Chaves, tem uma mãe, seu pai era marinheiro e morreu de um naufrágio. Suas características: roupa de marinheiro para manter as características da linhagem militar, tem todos os brinquedos que deseja e usa dinheiro com esbanjo, apresenta características de dificuldade de aprendizagem, extremamente mimado, egoísta, snobe, tem os brinquedos que deseja mas não tem criatividade para criar suas próprias brincadeiras, gosta de morar na vila, mas mesmo assim não quer demonstrar ou sublima seus sentimentos por comandos de Dona Florinda sua mãe, leva beliscões de seu Madruga por fazer coisas erradas e conta somente a metade para sua mãe e assim se safa da culpa.

Chiquinha, órfã de mãe, 9 anos, mora na Vila, menina esperta, aprendeu a se defender, do tipo moleca travessa, com não tem problemas com sua aparência adora se sentir uma miss, gosta do Chaves como namorado infantil por ver nele traços de um cavalheiro, esperta nos estudos mas pouco disciplinada, sabe armar coisas para levar vantagens, característica aprendida com o pai seu Madruga, brinca com os meninos com decência e tem ciume de ambos, muito embora sinta mais do Chaves, conta mentiras, finge dificuldades para se safar dos compromissos.

Dona Florina, viúva, não se diz idade de uma dama (risos), mulher de um marinheiro, que perde o marido cedo. Mora na Vila, mas tem vergonha do local, de  "nariz em pé", sempre buscando mostrar outra realidade ao filho Kiko para que ele não venha  a gostar da "Gentalha" (adjetivo dado aos pobres), nunca se arruma, sempre de avental e bobe no cabelo, estremante justiceira sem saber o real motivo, escondendo ou passando a mão na cabeça do filho Kiko, quando descobre algumas de suas travessuras fica com vergonha e o chama pelo nome.


Professor Girafales, professor que tem profunda vontade de que seus alunos possam um dia ser melhores, busca incutir em cada um o desejo de aprendizado, muito embora saiba das dificuldades, homem culto, elegante, polido um tipico cavalheiro. Seu coração palpita por Dona Florinda, com quem tem relacionamento que não desenrola. Romântico a moda antiga.





Bruxa do 71 ou Dona Clotilde, pobre mulher presa ao passado, tem parentes na França, busca um companheiro e vê em seu Madruga para o qual sempre lança indiretas. Sempre  suportando com gentileza os apelidos dados pelas crianças e ainda as mimando com doces e bolos.





Seu Madruga, viúvo, perdeu a esposa no parto da sua filha Chiquinha, sempre enrolado e fazendo "trambiques" para ajeitar a vida, deve 14 meses de aluguel mas não perde a esperança. Dorme no sofá para que sua filha fique com o quarto, sofre as pancadas de Dona Florinda injustamente mas não ousa levantar a mão a ela. Quando descobre as mentiras da filha corrige a mesma de imediato, muito embora não de bons exemplos, tenta ser o melhor educador usando frases e ditos populares para ensinar valores as crianças.


Seu Barriga, dono da Vila, homem de posses, o único rico de toda estória, simples, trabalhador, apesar de levar pancadas toda vida do Chaves, tem dó do garoto e tenta ajuda-lo. Sempre bem disposto e honesto, cobra de seu Madruga os 14 meses de aluguel, mas não o tira de sua residencia por saber das dificuldades do homem.


Bem deves estar se perguntando porque escrevi sobre cada um dos personagens, certo?

Resolvi escrever sobre eles para falar de coisas que andam esquecidas ultimamente. Vejo tantos por aí buscando revolucionar o mundo, brigando por seus direito (e aqui me refiro a direitos particulares que cada um cria pra si), direitos estes que se fazem somente para si e não para o bem comum. Estes personagens descritos acima, guardam ainda o tesouro de valores passados como Educação, Moralidade, Civilidade, Singeleza, Brincadeiras de Crianças que não vemos mais, Inocência, Cordialidade, Hombridade, Honestidade e Simplicidade. Poderia elencar mais tantas coisas que cresci vendo nestes programas que não se liga a nada no tempo atual em que tudo para ser bom está ligado ao sexo, violência, traição, morte, mediocridade, má educação e status. 

Vejo tantas pessoas que se nivelam ou se rotulam e fazem um personagem durar a vida inteira e nestes citados acima vemos que a normalidade do quotidiano é por de mais rica em diferença. Vemos valores em cada um dos personagens de Roberto Bolaños e não vemos em nenhum deles querer subjugar o outro.

Espero que com este post possa contribuir para que aprendamos mais a ser melhor do que a julgar o outro sem perceber suas riquezas. 
Que possamos fazer do festival da Boa Vizinhança um encontro a cada instante e não reduzir nossos dias a conversar por telas e mensagens. Que ao invés de termos nossa força voltada para o ataque ao outro seja para abraça-lo e começar uma boa conversa como no fim da tarde em Acapulco.

Que nossa vida seja cada dia mais a verdade de cada um de nós, não os personagens que temos assumido, devido aos medos, aos desejos de aceitação, as carências reprimidas, aos traumas e as nossas falsas verdades. Que no exercício quotidiano possamos levar o melhor para o outro e não nossos "personagens" que fogem da realidade. Que estejamos sempre dispostos e abertos para dar o melhor e não ficar cobrando ou exigindo do outro nossa felicidade. Que saibamos suportar com alegria as intempéries da vida, mesmo que não tenhamos aquilo que queremos. A exemplo do Chaves sejamos feliz com o sanduíche de presunto e não soframos com aquilo que ainda não temos. Que nossa felicidade seja em estar com os amigos e não com uma tela fria em sem vida de um Smartphone, tablet, computador. Que possamos chorar do nosso jeito, na parede da escada, e esperar a bola quadrada. E que acima de tudo possamos cantar nossas histórias e vivencias.

Pois se "VOCÊ É JOVEM AINDA, JOVEM AINDA JOVEM AINDA.
AMANHÃ VELHO SERÁ, VELHO SERÁ
AO MENOS QUE NO CORAÇÃO SUSTENTE
A JUVENTUDE QUE NUNCA MORRERÁ"


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