quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O Tempo


Um dos deuses romanos era Janus, que dará nome ao nosso mês janeiro. Justamente por causa dele temos este princípio de festejarmos a virada do tempo, a mudança do tempo.

O deus Janus tem várias faces viradas para todos os lados, lembrando sempre que o homem deve ter seu olhar voltado para toda sua história.
Em nossa cultura judaico cristã comemoramos 2015, como mais uma das contribuições da cultura católica para a humanidade, pois somente por causa do nascimento de Cristo é que temos o tempo contado como tal.
Quem não comemora ou não se sente cristão ou não o é, deve no caso buscar outra contagem cronológica para comemorar.


Bem, mas vamos falar de virada de ano. Tantas pessoas vestidas de branco, desejando um ano novo feliz, desejando paz, esperança, sorte, fortuna. São tantos sonhos feitos neste tempo, nestas horas... Mas o que muda depois do virar dos ponteiros?
Absolutamente nada. Pois as coisas vão continuar absolutamente iguais, as pessoas serão as mesmas, os casas serão as mesmas, as ruas serão as mesmas, a não ser que haja um desastre ou coisa do tipo.

O réveillon deve ser uma mudança cotidiana, uma mudança do belo, uma mudança do pensamento e da consciência. 

Aproveite, mesmo que seja na "onda" da massa e faça hoje o seu dia mudar, suas atitudes mudarem. Pois se o homem  não muda as suas atitudes, as coisas a sua volta não mudam. 
Janus, o deus das mudanças e tradições, não existe como assim pensavam os romanos, tendo em vista que eles personificavam as personalidades humanas em deuses. Entretanto esta realidade psíquica deve continuar, pois algumas tradições pessoais as vezes precisam ser mudadas, algumas mudanças quotidianas precisas ser realizadas. Inicie mais este tempo mais este ano, mais esta história de um jeito novo.



Feliz Ano Novo, ou melhor Feliz Tempo Novo, Vida Nova, ou se preferir Sonhos Novos e esperança, pois em nosso país é a unica coisa que temos: a Esperança.



quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Kalendas

                    A palavra Kalendas tem origem romana, como o primeiro dia do mês, e o dia do pagamento.
Depois se modificiou para uma expressão grega, kalendas grecae, entretanto este dia não existia no calendário grego, e se tornou uma expressão que indica "algo que nunca será pago", como o nosso famoso "dia de São Nunca", dia "30 de fevereiro". 
Para a nossa cultura judaico-cristã, ela tem seu maior valor justamente no dia de hoje e amanhã, dia em que "aquilo que não podia ser pago", para nossa entrada no paraíso ou para a felicidade perpetua se realiza na encarnação de Jesus.

A diferença do Cristianismos para todas as outras religiões se dá justamente porque Deus vem ao encontro do homem, participando de toda a sua realidade. Realidade esta que estava e ainda está sujeita ao pecado, realidade escravizada por tantas culturas de morte, que primam pela liberdade do sujeito, ou melhor primam pela libertinagem, pois o sujeito passa a ser escravo de si, de seus desejos, age como uma animal.

Quando o Verbo se faz carne traz em si toda a verdade da criação, tendo em vista que Ele é o motivo, o modelo e o primogênito de tudo que existe. Deus Pai envia seu filho, para que o homem possa ter nele seu espelho e caminho para chegar à plenitude de vida e de si. 

O cristianismo não se enquadra em nenhuma filosofia de vida, nenhum outro tipo de religião, justamente por ser diferente em seu aspecto antropológico e antropocêntrico. O Cristianismo coloca com homem a estatura de filho de Deus, quando aceita Jesus Cristo, porque somente n'Ele somos filhos, e  colocando o homem como filho este deve ser respeitado como tal. A moral cristã prima por acolher, atender o outro como um novo Cristo, não busca olhar para o homem como um outro animal, como primam ateus, não olha para o homem como um ser que ainda precisa reencarnar para se aperfeiçoar (espiritismos) pois Cristo é o modelo e a vida uma só. Não exige sacrifícios em busca de alcançar o paraíso (muçulmanos), a não se dissolve no tudo sem identidade (budismo). 

O Verbo é a palavra que cria tanto espaços, como composições, em Jesus Cristo o Homem tem seu lugar de Centro, pois ali está consagrado o verdadeiro lugar do homem, que foi retirado pelo pecado. Hoje véspera de Natal a Igreja comemora a grande revelação de Deus, muito mais que a dada a Moisés, pois hoje o próprio Deus se despe de sua realeza e acampa em nosso meio. O homem tem um modelo de vida feliz, tem uma percepção maior de sofrimento, e no seu desespero olha para o menino que nasceu e vê a esperança.

 A vida, hoje pode ganhar um novo sentido, entretanto para este novo sentido se faz necessário um novo começo, e na frente do menino que nasce, podemos começar tudo de novo, podemos iniciar tudo, pois um filho nos foi dado, um conselheiro adimiravel, príncipe da paz. O homem busca a paz, pede paz, anseia por paz, mas nunca a encontrará, pois ainda dentro do homem existe uma guerra, e a paz é fruto de uma vida feliz, e felicidade não se compra não se ganha, não está em um objeto, mas na certeza de se fazer justiça a si mesmo e aos outros. 

 Quando se entende a vida sobre o aspecto de busca da beleza e da perfeição o homem busca também a beleza e a perfeição, fora isso o homem em entorpece em satisfazer seus apetites, e se vê escravo de seus desejos. 


Feliz Natal!!


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Filocalia

Andando pelas ruas da cidade, já se percebe o inicio das festividades de fim de ano. 
Neste tempo se evocam sentimentos guardados em nós durante o ano todo. As luzes, as árvores iluminadas, as casas enfeitadas. O clima de natal. 

Parece que fazemos isso para esquecer as dores e angustias vividas ao longo de todo o ano, e para fazer isso precisamos trazer à tona sentimentos mais íntimos, quase esquecidos. 
A sensação que o natal traz é a busca da inocência e da pureza. Coisas que perdemos com o passar dos anos, e estamos tentando roubar, daqueles que ainda tem as crianças. 

Lembro-me das horas que passávamos, eu e meus primos, cantando e ouvindo harpa natalina, sob a luz do luar, ao som das cigarras do sertão, que anunciavam o verão e o natal. A casa ficava, ano com cheiro de pinheiro, ano com cheiro de laranjeira, por ser as arvores usadas na decoração. Ainda lembro-me de um ano, que não tínhamos dinheiro para comprar as bolas coloridas e sai a catar embalagem de cigarros, para forrar pequenas laranjas para servir de enfeite a nossa arvore. Como era lindo ver aquele pisca-pisca com lâmpadas grandes, a espera do grande dia, contávamos os dias para que ele chegasse. O Papai Noel era figura secundaria, trazia presentes, mas quem brilhava era Jesus, que na minha infância estava nascendo lá na Capela, naquele presépio enorme, feito com um Pinheiro Gigante, de Cerca de três metros de altura. 

Pois, hoje a cidade está enfeitada, o único esquecido é dono da Festa, se evocam tantos sentimentos, amor, paz, harmonia, desejos mais profundos, mas, esquece que tudo isso veio a nossa cultura por causa do Cristianismo e principalmente da Igreja Católica. 

O que vejo? Correria, comerciários angustiados porque terão que trabalhar dias e dias até mais tarde, angustia pelo dinheiro que não vai dar. Mas, entretanto, ainda dentro de cada um a busca por alguma coisa, que seja Belo, Bonito e Bom, ainda continua a palpitar. 


Filocalia, palavra grega que significa "amor à beleza". Estamos precisando mesmo retornar ao mais profundo das coisas, o belo foi tornado feio, a harmonia tornada obsoleta, o bom tornado impróprio. Parece que as coisas perderam os sentidos, os lugares e o jeito certo. A beleza atual é vulgar, sexuada, prostituída para ser comprada, adquirida. O harmonioso não tem mais lugar, pois ele arranha alguns, que não querem se enquadrar, mas que desejam enquadrar outros em sua desarmonia. O Bom, este quase esquecido, ser bom, virou sinônimo de bobo, de engolir tudo, de ser politicamente correto.




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