segunda-feira, 21 de julho de 2014

Tempo

Na semana que passou me aconteceu algo que me fez refletir profundamente.

Cerca de duas semanas atrás minha mãe pediu-me para visitar um senhor, que quando eu era criança ele tinha um posto de pães e sempre guardava farofinha dos pães para me dar a hora que eu passava retornando da escola. Eu respondi que viria no final de semana e iria tomar um café com ele pois aquele dia não teria tempo.

Bem passada as semanas, conversando com um amigo falei-lhe que gostava de visitar algumas pessoas no bairro onde eu nasci e entre elas estava este senhor. O conterrâneo com quem eu conversava perguntou se eu não sabia que este senhor, o do posto de pães, havia falecido no domingo.

Esta situação me tomou de surpresa e me fez refletir sobre como temos tempo para tantas coisas, mas para fazer uma visita, nem que seja para dizer um "oi" nos colocamos sem tempo. São coisas tão cliches que nos falam, como valorizar o que temos, os amigos, o tempo que agora passada a euforia da juventude e já vivendo a faze adulta começo a ver. Também me fez refletir como as coisas de criança estão aos poucos se apagando da memória, outras sumindo, outras já não existem mais. Quando não lembramos nosso passado, não sabemos para onde vamos. Quando negamos nossa história, nos perdemos em meio as fábulas que nós mesmos criamos.

Escrever sobre isso está sendo difícil pois, escrevo sobre um erro que eu cometi, sobre um tempo que eu não quis ter e por isso não vou poder lembrar, logo não poderia ter mais uma lembrança que me aponte um caminho.

Agora so ficaram a saudade, a história e os nomes, porque as conversas em breve também serão somente sentimentos e sensações.

Seu Cedoni, descanse em paz, e quem sabe do céu o senhor possa continuar me enviando, não mais farofa de pão, mais bençãos que peço recolha do Senhor e me entregue.

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