Tão efêmero quanto um brisa de vento é a vida.
Basta olharmos as coisas, todas envelhecem mudam se transformam, vemos objetos que se vão, histórias, casas, amigos, lugares, etc.
A felicidade temos muitas vezes confundido com euforia, alegria, qualquer outra coisa. Mas será que a felicidade é isso? Será que a felicidade é algo tão pequeno que caiba num objeto ou numa meta alcançada.
Segundo Aristóteles em Ética a Nicômaco, seu pai a felicidade conduz toda a moral do sujeito, conduz toda uma vida feliz, por que? Justamente porque a felicidade é algo muito maior que um simples adquirir as coisas. Já paraste pra pensar quantas coisas deixas de fazer e arrumas desculpas o tempo inteiro para isso?
"Admite-se geralmente que toda arte e toda investigação, assim como toda
ação e toda escolha, têm em mira um bem qualquer; e por isso foi dito, com muito
acerto, que o bem é aquilo a que todas as coisas tendem."
Tanto Aristóteles e seu antecessor Platão falam de bem, eles não se referem a algo palpável o mensurável, mas se referem a algo que é muito maior, algo que supera a capacidade erótica do sujeito. Quando aqui falo em capacidade erótica me refiro ao primeiro tipo de amor descrito pelos gregos o amor EROS, que é o amor de possessão de um objeto, algo parecido como a nossa conhecida paixão, muito confundida como o Amor, que como já postei não tem nada a ver uma coisa com a outra.
A felicidade consiste ou perpassa pelo senso de justiça, pois o sujeito justo tende seu coração sempre para o Bem e vê nele seu objeto real, tanto de desejo como de posse, pois é algo que não se corrompe nem corroê. Como vivemos numa sociedade que preza pelo efêmero, que busca pelo eterno no que é plástico, móvel, irregular ou sujeito a corrupção, não conseguimos mais ter então a busca da felicidade ou o reconhecimento da mesma como algo de primeira instancia de nossas vidas. Basta pensarmos que os ditos circulantes em qualquer meio são: "a vida é muito curta, aproveita e faça tudo", "não importa o amanha, ele não existe mesmo" ou "seja feliz, faça tudo que tem vontade". Tais frases levam o homem para o mais baixo nível da existência, o nível da doxa (ignorância), esta ignorância não e somente o grau de conhecimento que o sujeito possui, mas é a própria visão de si, quase com de um animal que busca somente a satisfação corporal, ou não é assim que caminha nossa sociedade? Vemos as pessoas fazendo festas orgíacas, nivelando um relacionamento pelo sexo, buscando a beleza eterna a qualquer custo, o status. Aqui chegamos ao ponto de questionar se o amanha é mesmo uma invenção ou algo além? Como vimos o Bem não é somente uma meta a ser atingida, mas um algo a ser alcançado e como Aristóteles queria saber a identidade das coisa em si ele aponta que um bem e a felicidade consistem na busca da virtude e a virtude somente é alcançada no quotidiano, e o Bom somente é alcançado na repetição e a verdadeira Beleza do que é BOM, BELO e BEM está muito além da satisfação de nosso corpo, mas na satisfação da alma.
Ótimo é aquele que de si mesmo
[conhece todas as coisas;
Bom, o que escuta os conselhos
[dos homens judiciosos.
Mas o que por si não pensa, nem
[acolhe a sabedoria alheia,
Esse é, em verdade, uma criatura
[inútil. Hesiodo
Voltemos, porém, ao ponto em que havia começado esta digressão. A julgar
pela vida que os homens levam em geral, a maioria deles, e os homens de tipo mais
vulgar, parecem (não sem um certo fundamento) identificar o bem ou a felicidade
com o prazer, e por isso amam a vida dos gozos. Pode-se dizer, com efeito, que
existem três tipos principais de vida: a que acabamos de mencionar, a vida política e
a contemplativa. A grande maioria dos homens se mostram em tudo iguais a
escravos, preferindo uma vida bestial, mas encontram certa justificação para pensar
assim no fato de muitas pessoas altamente colocadas partilharem os gostos de
Sardanapalo (Rei Mítico da Assíria). ( Ética a Nicômaco, Livro 1 - Cap, 5)
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Continuará...